Vida

No meio da tempestade, uma pessoa grita. Uma única explosão de ímpeto de sentimentos que transbordam e se sobressaem inaudíveis no temporal. Uma carga de voz que sai inescrutável diante do barulho do caminho. Ele, porém, continua caminhando. Um passo por vez, nada além disso. Seus olhos não conseguem ver o longe futuro. Ele, naquele estado, só consegue ver o segundo a sua frente, nada mais. Ele continua. Suas mãos encolhidas perto do peito. Uma delas a segurar e a outra a proteger uma pequena chama, labaredas minúsculas que cintilam e dançam diante de sua mão. Perto do coração elas se misturam com o próprio órgão e pulsam freneticamente, duas batidas por vez. Batida a batida e se sobressaem. Porém, a bela chama diminui sua intensidade. A tempestade continua frenética, gotas que se lançam a terra em um único respirar, abraçando-a. A chuva não para, pelo contrário, continua numa torrencial, como se as nuvens negras se desfiassem e, lançando seus fios a terra, permane...