Depois das cortinas


Eu sempre escrevo, isso é bom. Eu me expresso por meio das palavras e gosta de sua fluência. Dos riscos e traços se desenhando no branco, cada signo com um significado. Um que é meus próprios sentimentos. Deságua as sensações em torrentes pretas no papel. Aristóteles dizia que escrever era como fazer uma mímese da realidade, uma cópia. Não totalmente precisa, mas um olhar. O de quem escreve para quem ler. E assim, vocês sentem. Sentem o que eu sinto. Por incrível que pareça eu teço uma imagem, feita com as linhas das palavras, teço e vocês seguem a reza.

Mas eu sempre escreve de tudo, do que vivo e sinto. Na maioria das vezes, despejo minhas crises no branco, porque ele traduz o que passo. Normalmente, crio o espelho que é apontado para vocês. Mas percebi, faz tempo que não escrevo. Digito minhas incertezas fluentes na correnteza, mas não tem nenhuma. Nada de grandes momentos existenciais, nem a melancolia típica dos grandes poetas e escritores. Meu Deus, talvez esteja deixando de ser um, e rio. Me alegro com a ideia e corro pelas torrentes da vida.

Escrevo quanto aos problemas, mas não tenho um. Então por quê não escrever? Escrevo. Por que também sou filho de Deus. Escrevo porque estou feliz. Feliz para mim, vai além de um estado onde tudo é colorida. Se assim fosse, seria inalcançável, se já não o for. Mas é belo, porque é um ponto de vista. Vai além da simples imposição, estou feliz e ponto. Vai além porque ficamos felizes nos diversos momentos. Nós momentos mais adversos, na correria, na preocupação, no ônibus lento.

Feliz. Porque olhamos para nós e dizemos o quão bom é ser nós mesmos. E qual o problema, somos nós, mesmo com tudo que chamamos de defeitos. Mas não são eles os requintes? Felizes, porque podemos parar diante de uma folha e observa-la. Felizes ao sair para comprar pão e poder sentir o toque do sol, que as vezes exagera no carinho. E assim poder observar o que é desprezível. Ninguém olha as nuvens, olha as estrelas, nunca olha as pessoas na rua e nem a vida.

Corremos, pois ela feita disso, de uma corrida incessante. Mas agora paro e tento te obrigar a parar comigo. A respirar e sentir o quão bom é fazer isso. Parar por um momento para escutar o próprio coração batendo, sentindo suas pulsações no peito. O sangue correndo, suas roupas na pele e sentir. Isso que nos faz nós, pois sentimos e temos noção disso. Pensamos, isso nos torna mais do que simples. Mas o problema é quando nos acostumamos, a ver todo dia tudo e nos esquecemos de olhar o mais simples. Nem tudo é perfeito. O mundo não é um arco-íris. Mas não precisa ser. Precisa ter o máximo que se é necessário para ser bom, basta ter e ser, vivo.

Não vivo, em um sentido biológico. Vivo, em um sentido humano. Não pura sobrevivência, comer para viver e viver para comer, mas sim, vivência. Não grandes bonecos de gesso, incolor. Mas vivo, dessa forma, vivo.

Felizes, há pessoas ao redor. Felizes, a palavra ainda pode ser lida. Felizes, diante do sorrisos. Vivos, pois mesmo difícil ainda há o felizes.

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