O tom da insônia

D epois de horas de insônia, quando o cansaço realmente bate e o sono expira, percebo que tudo tem um tom. Cada batida variante de altura a intensidade, cada clique e tique do relógio a marcar mais e mais horas, tempo e tempo, sono e sono, vida e vida. Vida e fim. E a cada tique parecia que eu em agonia era obrigado a olhar ainda mais para o teto preso ao meu mundo de pensamentos, que como todo outro som tem tom. E o escuto, fragmentado e a ressoar na mente, cada pensamento borbulhante e tremeluzente que me cega, cada reação química, cada lapso do meu próprio tempo em pensamento. Para outros, horas, para mim séculos. Séculos de mim mesmo em mim. Em um mundo meu, pensando em cada passo que fiz cada acerto e feito ou erro. Tudo, o que me faz e que me permiti me chamar de eu. Partes incoerentes, pedaços de um todo espalhado que em síntese, sou. Que misturadas e embaralhadas tentam criar algum significado, tudo para mim. Porque, no fim, realmente era eu. Nesse ...